quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Educação? Onde?

Educação, temos alguma? Outro dia voltando para minha casa, após um longo dia de estudos (sou concursando), no trajeto passo em frente à uma escola estadual aqui de Limeira. Era o último dia do ano letivo, ao passar pela escola vi uma imagem que ficou em minha cabeça: alunos do terceiro ano do ensino médio e também do último ano do ensino fundamental rasgavam seus cadernos, desfolhavam seus livros e literalmente forravam as ruas em torno da escola com o conhecimento, com a "educação" que damos a eles. Estes livros e cadernos de exercício são pagos com dinheiro público, para que estas "crianças" não precisem gastar com material didático. Eles ganham tal material, e ao invés de guardá-los para estudos futuros, jogam nas ruas o conhecimento que deveria dar a eles uma vida melhor.

Para minha surpresa (ou decepção) este não foi um caso isolado, vi o mesmo acontecendo em outras escolas daqui e fiquei sabendo por amigos e colegas que isso ocorreu em outras cidades também. Então é assim que os alunos encaram o ensino? É assim que eles pretendem obter um futuro melhor? Eu encaro da seguinte forma: quem quer evoluir na vida tem que se dedicar o mínimo aos estudos.

E para minha surpresa (novamente), ontem assistindo à Globo (raro momento) vi uma reportagem do programa Profissão Repórter sobre a violência nas escolas. Uma verdadeira barbárie nas instituições públicas de ensino de algumas capitais, com professores pedindo afastamento por problemas emocionais, recebendo ameaças de morte, carros sendo riscados ou até mesmo ateados em fogo, outros professores recebendo um banho de urina ao chegar ao trabalho, coisas que não são seres humanos que fazem. Em um ponto da matéria, o repórter mostra "materiais" apreendidos com alunos: pedaços de pau (com prego), barras de ferro, estiletes improvisados, pedaços de vidro pontiagudos, bolas de ferro, entre outros. Por um momento pensei estar vendo uma matéria feita em um presídio, mas não, era uma escola pública. Juro, senti vergonha de ser brasileiro, vendo professores chorando pois a cada dia de aula é como se fosse uma sessão de tortura. E é uma tortura. E quanto pagar a estes professores? Qual seria a remuneração justa para quem trabalha nestas condições?

Procurar agora os responsáveis por isso é inútil, a origem do problema pode estar inclusive em nosso período colonial, mas a responsabilidade da mudança é fácil: oS governoS. Em ação conjunta, governos Federal, Estadual e Municipal precisam fazer alguma coisa e urgente. No meu ponto de vista a principal origem do problema é uma cultura que vêm se enraizando na sociedade moderna brasileira, a IMPUNIDADE. Ninguém é punido, nem político, nem bandido, nem traficante e muito menos o estudante indisciplinado. Bons eram os tempos em que os professores lidavam quando muito com um aluno desleixado ou preguiçoso, agora eles têm de lidar com ameaças de morte e agressões físicas. E em alguns casos, como foi na faculdade particular lá de BH, um professor assassinado por reprovar um aluno (hediondo).

A questão é, eu mesmo já tive desavenças com professores, eu mesmo já fiquei morto de raiva por ter recebido uma nota baixa, ou por ter sido reprovado, mas daí a ameaçar, aterrorizar um professor há uma distância de profundidade oceânica. A falta de punições e uma sociedade que prega mais direitos que deveres acaba gerando um sentimento de onipotência por parte desses adolescentes. Pode perguntar a eles, e aposto que a resposta será sempre a mesma: "Faço porque não dá nada". No fim, tudo acaba em pizza. Chega alguém para botar panos quentes, apagar um incêndio aqui e ali, e fica tudo por isso mesmo, e os infratores, lógicamente, voltarão a cometer suas infrações. Não são punidos mesmo!

E coitado daquele aluno que quer estudar, que quer se esforçar para aprender algo novo, ele acaba tendo que conviver com elementos que não possuem respeito algum com o professor, fazem baderna na aula, destroem a escola, agridem outros alunos (que querem estudar), desestimulando o mais assíduo dos pupilos. E pior, acabam influenciando outros a serem como ele, afinal, nunca são "pegos". E o que me revolta é que estes alunos são os mesmos que ganham cotas, pontos em vestibular, tem acesso ao ProUni e são provavelmente os que dependem de Bolsa Família, e dependerão pro resto de suas vidas, pois há um esforço em manter-se na ignorância e na miséria. Obviamente que não são todos, há aqueles que se esforçam, que lutam, mas acaba se tornando em vão, diante de toda a barbárie com a qual são obrigados a conviver. De nada adianta a polícia prender todos os chefões do tráfico no Rio, pois seus substitutos estão acabando a "escola" e logo estarão prontos para assumir seus postos.

É nisso que dá implantar políticas públicas de assistencialismo, que só dá direitos e não pede nenhum dever em troca. Vem fácil, vai fácil, ninguém (quase ninguém) da valor. Infelizmente para algumas pessoas você poderia dar um prêmio da Mega Sena que ainda assim ela ficaria pobre e miserável de novo. E quantos casos existem poraí assim? Em minha opinião deveria se implantar um plano de 15 anos, com os seguintes passos:

1º - Acabar com a progressão continuada. Não estudou? É reprovado, faltou, é reprovado, sem moleza
2º - Aluno que é indisciplinado deve ser suspenso, pegou a terceira suspensão é RUA, vai procurar outra escola. Educação é direito de todos, mas nem a vida é um direito absoluto, antes de ter o direito à educação vem o DEVER de obediência às regras da escola, do respeito ao professor e aos colegas e da dedicação ao estudo;
3º - Colocar guardas municipal e policiais à disposição das escolas, com plantão diário (mas efetivamente fazer isso);
4º - Gastar os 7,7 bilhões que o governo Lula gastou em propaganda, mas com campanhas de conscientização da importância do estudo, disseminar o respeito aos professores, apelar para as diversas camadas da sociedade que se engagem na questão;
5º - Fiscalizar decentemente as escolas, pois nem tudo é culpa dos alunos;
6º - Demitir os maus professores e contratar novos;
7º - Acabar com as cotas (totalmente) e acabar com o assistencialismo gratuito. Quer bolsa família? Mostre-me aqui o boletim dos seus filhos. Quer ProUni? Mínimo de 90% de frequência nas aulas e no mínimo 70% de aproveitamento nas matérias. Afinal é dinheiro público, quer moleza? Senta no pudim!
8º - Acompanhar de perto, mas MUITO de perto a execução disso tudo.
9º - Investir mais e capacitar melhor!

Isso tudo em um prazo não menor que 15 anos! Qualquer coisa em prazo menor que esse é demagogia, populismo. Políticas Públicas devem ser de médio e longo prazo.

Se quiser saber mais sobre o assunto, digite no google: "Violência+professores" e veja os absurdos que acontecem por todo o Brasil.

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Caique Martins

Um comentário:

  1. Boa!!! Criticou e propos solucoes. Um trabalho q queria fazer era ir nas escolas e tentar dar um chacoalhao na turma...qdo alguem de fora fala, pode ser que se aproveite um micronano da mensagem, pq prof falando todo dia pra estudar nao resulta. Algo como aquela peregrinacao do Vunifei, mas agora pra (tentar) acordar a mulecada. Algo chocante, forte para impactar e talvez abrir uma luz na cabeca deles. Eu acho que a responsabilidade do governo nao se tira, mas nao podemos tirar do povo tambem. No atual sistema, se quisesse, conseguia-se sim estudar e construir um futuro de trabalhador. Mas hoje em dia, quem quer ser trabalhador? Falow

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