segunda-feira, 28 de março de 2011

Circo Brasil!

Assistindo ao Fantástico neste último domingo, me surpreendi ao ver a reportagem sobre a situação dos caminhoneiros neste país. Não pela má conservação das estradas (que não é novidade), não pelos saques a cargas tombadas (também não é novo), não pela prostituição infantil nas estradas, venda de drogas, uso de anfetaminas, jornadas desumanas de trabalho, tudo isso não é novidade para ninguém. O que mais me chocou foi a "cara-de-pau" do comandante da Polícia Rodoviária Federal ao dizer que é preciso fazer firula para a população. Ora, todos sabemos qual o significado de firula, e o comandante teve a audácia de dizer que é um jargão interno. A falta de vergonha na cara é generalizada.

O mais engraçado de tudo mesmo é que esse Brasil para inglês ver foi tema de uma série de postagens minhas ano passado, bem no período das eleições. Com isso eu tentava abrir os olhos daqueles que leram meus posts para uma situação que é vergonhosa. O governo adota medidas populistas e não faz o que deve ser feito. Desta vez minha crítica vai para, advinhem, o assistencialismo.

O papel de um governo não é o de prover moradia, não é o de prover sustento às famílias, e sim dar aos cidadãos condições de adquirirem tais bens. O papel fundamental de um governo é o de prover serviços tais como saúde, educação e segurança. Porém ao iniciar seu governo a presidente Dilma disse que a ordem do dia é cortar gastos. O problema é de onde cortar tais gastos! O governo decidiu então que 50 bilhões seriam retirados do orçamento, suspendendo quase todos os concursos públicos da esfera federal.

Segundo a reportagem do Fantástico o efetivo da Polícia Rodoviária Federal aumentou pouco mais de 10% nos últimos 15 anos, ou seja, neste período temos a seca da era FHC no serviço público e temos também a gastança desmedida do governo Lula, e mesmo assim grande parte desses serviços estão jogados às traças. Segundo o presidente do sindicato dos trabalhadores do INSS, a instituição está com uma defasagem de mais de 10.000 funcionários, enquanto isso as filas para pedir aposentadoria só aumentam e os concursos suspensos. Mas para quê serviços se o povo está recebendo esmola? O Bolsa Família é a solução de todos os nossos problemas, não é verdade? Por quê eu vou cortar 36 bilhões em assistencialismo para contratar mais funcionários e perder votos nas próximas eleições? Não, deixa o povo morrer à espera de atendimento no SUS, deixa o povo morrer à espera da justiça, deixa o povo morrer por falta de segurança, afinal, serviços não dão voto. E assim vai caminhando o Brasil rumo ao crescimento.

Crescimento do quê? Não sei dizer.

Brasil! Um país de To...os. (preencha o espaço em branco).


Abraços

quinta-feira, 24 de março de 2011

Advogados do Diabo

Ano passado, juntamente com as eleições uma grande polêmica foi gerada pela votação, no STF, da aplicação ou não da Lei Ficha Limpa já em 2010. Com esta lei, nomes conhecidos por suas "maracutaias" foram deixados de fora do cenário político nacional. Entre eles, políticos com fichas de dar inveja a qualquer gangster italiano ou norte-americano, como Jader Barbalho e Paulo Maluf. Eu assisti ao vivo a votação e vi juízes se degladiarem pela decisão final que acabou empatada, após 14 horas de longas argumentações.

Porém, existe um fato que me chamou bastante a atenção. Haviam 2 cadeiras vagas para complementar os 11 magistrados que compõem a Suprema Corte (STF). Uma delas fora preenchida com o nome de José Antônio Dias Toffoli, então Advogado Geral da União. O papel que cumpre tal advogado, basicamente, é o de defender o Presidente da República nas causas que ele fizer parte perante o STF. Ou seja, o presidente nomeou para julgá-lo alguém que normalmente o defendia. Por mais absurdo e imoral que isso possa parecer é legal, como muitas coisas neste país. Essa nomeação gerou muitos comentários e críticas, pois poderia haver tendenciosidade no julgamento de causas por parte do agora ministro do STF.

Para nossa imensa surpresa o empate em 5 a 5 na votação da ficha limpa foi adiada para o exato momento em que o 11o membro fosse nomeado. Lula prometeu e não cumpriu, havia prometido nomear até o último dia da última legislatura e não o fez, deixou a batata quente para a presidente eleita Dilma, que teria em suas mãos a nomeação de um ministro que decidiria o futuro de inúmeros políticos "ficha-suja".

Pois bem, a nomeação saiu, e vejam que coisa, o novo ministro do STF é juiz do STJ, magistrado de carreira, para surpresa de muitos pois especulava-se a nomeação de mais um AGU. Porém, por mais que se negue, a decisão de ontem foi mais uma decisão política do que jurídica. Podem usar os argumentos que quiserem, mas tenho cá para mim que a presidente Dilma escolheu cautelosamente o novo ministro, e que ela sabia sim qual seria o voto dele para o caso da Ficha Limpa. E como é de praxe todo ministro indicado ao STF passa por uma sabatina e aprovação do Senado, ou seja, será que o Senado iria aprovar um ministro que vota à favor da Ficha Limpa? (pergunta retórica)

É um absurdo que uma vaga de juiz seja decidida por aqueles que serão julgados pelo indicado. Isso é ser advogado do Diabo. Então, com a decisão de ontem, veremos todos esses políticos ficha-suja (que foram eleitos, isso é mais absurdo ainda) assumindo suas cadeiras no Congresso Nacional. E mais uma vez provou-se que aqui no Brasil tudo acaba em pizza.

Vai uma marguerita ai?

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Abraços,