Tenho lido pela internet que o atual governo é o responsável pelo controle da inflação. Por mais que esta afirmação carregue um pouco de verdade, a diferença está em como se faz esse controle. Para entender isso melhor é preciso voltar no tempo e relembrar os motivos que geraram a inflação galopante de até 2.800% ao ano.
Há vários fatores que podem gerar a inflação como aumento da
demanda por produtos e sua pouca oferta, oferta de crédito no mercado (juros
muito baixo ou disponibilidade de caixa para tal) e gastos do governo. Este
último é crucial para entender a situação brasileira.
Os gastos governamentais contribuem para o aumento de
inflação pois o Estado é improdutivo, não gera riqueza, sua fonte de recursos
está baseada no confisco do rendimento das famílias e empresas através dos impostos.
Imagine que em um determinado mercado produza-se 1.000 dinheiros. Esse valor compõe a produção industrial e o
consumo das famílias (PIB). O governo pega para si 360 dinheiros para financiar
sua atividade com pagamento de salários, estrutura e materiais de consumo. O valor que gera retorno para o PIB são os
investimentos em infraestrutura por exemplo, neste caso há uma contraprestação,
a efetiva produção de um resultado
concreto, seja em obras ou serviços.
Outra forma do governo gastar o dinheiro que recebe vem em auxílios, isenções e incentivos. Estes não geram contraprestação, são a mera devolução ao mercado de parte daqueles 360 dinheiros, dando a este mercado maior poder de compra. Suponhamos que o Governo resolveu dar 50 dinheiros de volta ao mercado. Com mais dinheiro nas mãos as famílias irão querer consumir mais produtos. Sem ter tido o investimento necessário, e o tempo, para atender essa demanda de 50 dinheiros, haverá um aumento no preço dos produtos para que com esse valor a mais a oferta atenda a demanda. Ou seja, apesar de ter recebido mais dinheiro, as famílias acabarão comprando a mesma coisa.
Outra forma do governo gastar o dinheiro que recebe vem em auxílios, isenções e incentivos. Estes não geram contraprestação, são a mera devolução ao mercado de parte daqueles 360 dinheiros, dando a este mercado maior poder de compra. Suponhamos que o Governo resolveu dar 50 dinheiros de volta ao mercado. Com mais dinheiro nas mãos as famílias irão querer consumir mais produtos. Sem ter tido o investimento necessário, e o tempo, para atender essa demanda de 50 dinheiros, haverá um aumento no preço dos produtos para que com esse valor a mais a oferta atenda a demanda. Ou seja, apesar de ter recebido mais dinheiro, as famílias acabarão comprando a mesma coisa.
No Brasil da inflação galopante todo o dinheiro arrecadado
pelo governo não era suficiente para financiar seus gastos, e toda a sua
possibilidade de conseguir crédito (empréstimo) já estava praticamente esgotada.
A solução “óbvia” é usar a fábrica de
dinheiro (Casa da Moeda) para emitir papel moeda e efetuar os pagamentos. Como foi dito anteriormente, jogar dinheiro
no mercado sem que haja um lastro, um respaldo sobre o seu valor, irá forçar os
preços para que a oferta se equilibre com a demanda. Imagine naquele cenário,
os gastos do governo estivessem em 660 dinheiros. Como os impostos só trouxeram 360 para os cofres,
o governo se vê obrigado a imprimir os outros 300 e jogá-los no mercado.
Se a conclusão que você chegou que é só o Governo gastar somente os 360 então você já entendeu como a inflação foi controlada. Àquela época o maior consumidor de gastos públicos eram as estatais, que por serem ineficientes e onerosas consumiam quase todo o dinheiro arrecadado, forçando anualmente o governo a fabricar mais e mais dinheiro. A solução, óbvia, mas politicamente difícil de ser realizada, foi a de vender as empresas estatais que davam prejuízo e consumiam todo o dinheiro do governo. Passada esta fase basta controlar os gastos e permitir que o setor industrial, que produz riqueza, possa se adaptar ao aumento da demanda que a inflação ficará sobre controle.
Se a conclusão que você chegou que é só o Governo gastar somente os 360 então você já entendeu como a inflação foi controlada. Àquela época o maior consumidor de gastos públicos eram as estatais, que por serem ineficientes e onerosas consumiam quase todo o dinheiro arrecadado, forçando anualmente o governo a fabricar mais e mais dinheiro. A solução, óbvia, mas politicamente difícil de ser realizada, foi a de vender as empresas estatais que davam prejuízo e consumiam todo o dinheiro do governo. Passada esta fase basta controlar os gastos e permitir que o setor industrial, que produz riqueza, possa se adaptar ao aumento da demanda que a inflação ficará sobre controle.
O grande problema é que ano após ano as decisões de aumentar o salário mínimo acima do crescimento da produção está forçando os preços para cima para reequilibrar a conta. O constante endividamento do governo para dar incentivos ao mercado para que se mantenha crescendo também contribui, sem contar o aumento dos cargos comissionados e da criação de novas estatais. O processo está se invertendo. E para controlar a inflação o governo tem usado estas Estatais, novamente, para que com o prejuízo delas os preços não subam. É o caso da Petrobrás que vende gasolina mais barata do que compra para que o aumento dos combustíveis não afete a inflação. Vimos a mesma coisa sendo feita com a Eletrobrás em 2012.
Neste sentido podemos perceber que enquanto as Estatais tiverem fôlego para arcar com esse prejuízo a inflação estará “sob controle”, mas a partir do momento que elas começarem a consumir dinheiro do orçamento do governo a boiada irá estourar e salve-se quem puder.
Caique Martins